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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

DECIDINDO POR QUADRINHOS: A ATITUDE

Sempre escuto esse tipo de pergunta: "como faço pra ser quadrinista? Onde devo estudar? Como eu chego lá?". Infelizmente, com 10 minutos de conversa eu percebo que as perguntas que a pessoa realmente quis fazer foram: "como eu ganho dinheiro com quadrinhos? Tem universidade pra isso pra convencer meus pais? A quem eu devo enfiar aquela minha história de 300 páginas que é um recorte mal-feito de tudo o que acho legal?". Interessante ver isso e bacana que as pessoas se interessem por esse tipo de coisa, mas o processo todo não é bem assim. As histórias em quadrinhos possuem muitas vertentes e são formas de arte ainda vista como marginais, então antes que se decida escolhê-las como forma de vida, alguns esclarecimentos são precisos. Vou tentar com essas matérias esclarecer certos equívocos e sugerir saídas interessantes aos que escolheram quadrinhos como sua profissão.

Antes de tudo algo deve ser estabelecido: se dinheiro for a prioridade, abandone a ideia, e isso não é por conta dos quadrinhos em si, mas é porque é a atitude incorreta pra qualquer coisa que se decida fazer. Muita gente morre por conta de médicos que se formaram pensando em dinheiro, isso é errado. Pra aceitar uma profissão como essa é preciso sentir que ela faz parte de você - e não falo da baboseira de "é para ajudar o próximo", mas naquilo de que realmente clinicar é O desejo, O sonho, A única coisa que se ver fazendo. Dr. House pode ser um médico que não dá a mínima pros seus pacientes, mas ele é um grande médico porque ele ama o que faz. Isso serve para HQs também. Geraldo Borges é um dos caras mais felizes fazendo quadrinhos. Ele realmente passa uma energia boa, a mesma de um moleque de 10 anos que acabou de ganhar o melhor presente de Natal do mundo. Certa vez conversando com ele, o cara me disse: "A verdade é que eu só me sentiria bem se fizesse alguma coisa ligada a quadrinhos. Qualquer coisa". Então, fazer quadrinhos é algo que você sente que quer fazer pelo resto da vida? Sim? Então, continue lendo.

Sobre formas de se especializar, dependendo do que você realmente deseja, há cursos em vários lugares do país que envolvem desenho e narrativas em quadrinhos (acho que em cada capital de estado brasileiro há uma, em Fortaleza temos a Oficina de Quadrinhos da UFC como o mais tradicional, e os cursos dos estúdios Daniel Brandão e Quadrinhos), além, logicamente de cursos universitários que podem ajudar na ampliação dos conhecimentos ligados aos quadrinhos - afinal, esta é uma forma de arte incrivelmente multidisciplinar que envolve aspectos da literatura, design, desenho etc. Mas a grande verdade é que quem realmente quer fazer quadrinhos, vai encontrar uma forma. Bá e Moon fizeram faculdade de artes plásticas - e quem entende o mínimo de quadrinhos, sabe quem são esses caras - então, você não precisa de uma faculdade, mas sim de atitude e vontade de aprender. E aí cai em um outro ponto importante: convencer os pais.

Entenda, não é porque são quadrinhos. Não é por conta do mercado. É porque são seus pais. Porque você sempre vai ser um reflexo dos sonhos, desejos e redenção dos erros deles. Desprenda-se disso. Você é seus próprios acertos e erros. Você é aquilo que você escolhe. O mundo pode se espernear, seus pais vão te ameaçar, vão gritar, vão se descabelar, mas será impossível eles deixarem de ser seus pais. E é impossível que você seja o que eles querem sem se frustrar com isso. Decida seus caminhos, faça suas escolhas, mesmo que erre com elas, o único que você decepciona é você mesmo e é muito mais fácil que você se perdoe.

Agora, leitor e aspirante a quadrinista, você entendeu as atitudes? Está pronto pra tomar essa decisão? Aviso logo, não será fácil, nada vai ser um mar de flores, nem no começo, nem no meio e menos ainda no fim, mas pode ser sim a certeza de seu sonho, o resultado de sua busca e a obtenção de felicidade pessoal. Repito: está pronto?


Luís CS

10 comentários:

  1. Nota importante: Não é pq a pessoa curte quadrinhos que ela é obrigada a querer ser profissional dessa área.

    Vamos lembrar que existem pessoas que apenas lêem quadrinhos, apenas se divertem com isso. Esse número já foi bem maior, mas o fato é que muita gente ainda precisa descobrir a leitura, no geral.

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  2. O Prof. Waldomiro Vergueiro, o Prof. Álvaro de Moya, o Prof. Gazy Andraus, A Profa. Sonya Luyten estão entre os autores que possuem trabalhos academicos investigando e explorando diversos aspectos dos quadrinhos. Há também artistas plásticos, cordelistas, produtores culturais, cineastas, cenógrafos cujo trabalho atua numa frequencia de emparelhamento com os quadrinhos. Então, não há uma só maneira de trabalhar com quadrinhos. É preciso achar suas próprias soluções, criar seu próprio espaço e novos espaços.

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  3. Com toda certeza. JJ Marreiro como sempre acertando no ponto. Espero trazer esse prisma a partir das outras matérias, mas é importante nunca esquecer isso mesmo. Como falei no começo do texto, os Quadrinhos podem ser vistos de várias formas e hoje em dia pesquisadores, editores ou mesmo críticos têm seu lugar ao sol no mundos das HQs e possuem uma grande força nisso. Eu, por exemplo, apesar de ser roteirista, sou essencialmente revisor e professor de quadrinhos e me sinto muito feliz com isso. Acho que esse sim é o grande ponto: não importa em que vértice (ou área) do polígono vc esteja, o importante é ser feliz nela.

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  4. Ah...E o texto está MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUiTO LOOOONGO! Mas MUUUUUIIIIITTTTTOOOOOOOOOOOO LOOONNNGGGOOOOOOOOOOOO MMMMEEEEESSSSMOOOOOOOOOOOOO!!!!!! BASTAAAAAAAAAAAANNNNTEEEEEEEEE LOOOOOOOONNNNNGGGGGOOOOOOOOOOOO MEEEESSSSSSSSSSSMMMMMMMOOOOOOOO!


    PRA CARAMBA!

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  5. Concordei em tudo, inclusive e principalmente com a existência do texto em si. É necessário que as pessoas saibam oque está em jogo de verdade se decidirem fazer isso. Porque senão vão ficar no caminho como muitos já ficaram. Você tem que procurar em seus sentimentos, o famoso "search yout feelings" do star wars. E também não é porque você tem um emprego chato de 8 horas por dia que a sua tem que ser totalmente desprovida de arte. Talvez não dê pra fazer uma saga, mas dá pra fazer alguma coisa.
    DJ.

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  6. Estou lendo o texto, que começa bem interessante; mas antes de terminar, gostaria de registrar antes de esquecer: na frase "(...)um recorte mau-feito(...)", MAL aqui é com L e não U.
    Vou prosseguir a leitura...

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    1. Poxa, valeu pela correção Geraldo. Vou corrigir aqui.

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  7. Excelente texto, e isso não vale somente para o ofício dos quadrinhos, e sim para qualquer profissão.

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    1. Sim. Concordo e minha intenção foi realmente essa: de que por mais mágica ou bacana que seja, fazer quadrinhos ainda é um trabalho e possui suas responsabilidades e qualquer outro trabalho pode ser tão magnífico quanto quadrinhos.

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  8. na verdade, quadrinhos é um sonho de adultos que é muito mal compreendido em todos os sentidos. o que devemos fazer é fazer quadrinhos sem se importar com nada. só fazer. nem que seja somente para guardar.

    andre lima do quixadá

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