Oficialmente se adotou o Yellow Kid do norte-americano Richard Outcault, de 1895, como marco zero para se contar a história das histórias em quadrinhos do mundo. Mas manifestações anteriores podem ser encontradas em várias partes do mundo. No Brasil, o ano era 1869 e o ítalo-brasileiro Ângelo Agostini levava para as revistas e jornais da época seus personagens em diversas situações de humor e aventura com “As aventuras de Nhô-Quim e Zé Caipora”. Em homenagem a este pioneiro da Arte Seqüencial brazuca foi criado o dia do Quadrinho Nacional e anualmente esta data trás consigo um festejo aliado à vontade de reconfigurar o cenário da produção brasileira em algo mais sólido e substancial.
Neste dia, em que os Quadrinhos tornam-se foco de
atenção, é importante lembrar a riqueza de gêneros, estilos e a
segmentação que essa forma de arte assume com material direcionado
a públicos de distintas faixas etárias e econômicas.
Mesmo perdendo espaço na mídia impressa, com os
jornais trocando a seção de quadrinhos por anúncios ou fofocas de
artistas, a Arte Sequencial vai ganhando espaços seja no cinema, nas
livrarias ou na internet. É impossível ignorar a força que os
personagens de quadrinhos ganharam no mundo da cultura pop, desde
jargões antigos comuns “brucutu” e “imprensa marrom” às
modernas discussões sobre multiversos, clonagens e mutações
genéticas (temas antigos para os aventureiros dos quadrinhos).
Ângelo Agostini era pintor, desenhista, crítico
de arte e, porque não dizer, crítico social. Em seu traço marcante
retratava a vida nos tempos do Segundo Império e da embrionária
República. O Quadrinho Nacional mantém ligações estreitas com a
hoje histórica produção de Agostini, seja no caráter de crítica
social, hoje abraçado pelas Charges, seja no traço rebuscado que
encontra reflexo nas ilustrações, seja nas narrativas de aventura
presente na produção dos quadrinhos modernos. Comemoramos o dia 30
de janeiro em homenagem a um autor que foi criativo e versátil
antecipando o que hoje é necessário àqueles que resolvem abraçar
o quadrinho como expressão artística. Mais que um dia dedicado aos
Quadrinhos é, este, um dia dedicado ao Quadrinho NACIONAL com
todas as suas dificuldades de produção e veiculação, com toda a
concorrência desleal com os enlatados japoneses, norte-americanos ou
europeus. Não é a questão de detratar as republicações
estrangeiras, mas é de observar que há artistas e há produção
nacional resistindo seja ela manifestada nos sucessos editoriais de
Maurício de Souza, Angeli, Laerte, Laudo, André Diniz seja na
humilde mas incansável produção independente. Seja veiculada em
fanzines, internet, álbuns de luxo ou revistas de linhas o dia 30
de Janeiro é o dia de lembrar que a produção Nacional existe e
precisa ser vista!
(Materia originalmente publicada no site armagem.com)
MAIS:
Mestres do Quadrinho Nacional: Angelo Agostini
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