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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A História de uma Gibiteca


A Gibiteca de Fortaleza foi criada a partir de recursos originados do fundo de participação do município e começou a funcionar em 2009 organizada e coordenada por Paulo Amoreira, um dos responsáveis pelo projeto inicial e implementação. Com um acervo inicial gerado através de licitação, o espaço anexo à Biblioteca Dolor Barreira (sob direção da Profa. Herbênia Gurgel) começou a receber visitantes no horário de funcionamento da própria Biblioteca.

Pequenos eventos foram organizados com objetivo de integrar a comunidade e os produtores de quadrinhos, games e afins. Com esta iniciativa, Paulo Amoreira levou à Gibiteca profissionais da computação gráfica, educação, desenho etc, aproximando o público dos produtores e com isto fomentando a leitura e expansão do público da Biblioteca como um todo. Os eventos que ocorriam aos sábados tornaram-se uma nova atração cultural no Benfica, bairro intelectualmente ativo favorecido pelas Casas de Cultura, Casa Amarela Eusébio Oliveira, CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) e centro de Humanidades da Universidade Federal.


Ainda neste primeiro período de instalação ocorreram mini-cursos de desenho, roteiro e quadrinhos, promovidos gratuitamente pela comunidade de artistas locais que passaram a se encontrar regularmente neste anexo da biblioteca. Em 2010, João Belo Jr e JJ Marreiro deram os primeiros passos para a celebração do DQN (Dia do Quadrinho Nacional) no espaço da Gibiteca. Foi realizado o Primeiro Gibiarte e a exposição Arte & Invenção (com participação de Mino, Hemetério, Geraldo Jesuíno, Denilson Albano, Cival Einstein e outros).

À partir das reuniões, encontros e eventos surgiu um movimento de união artística chamado Fórum de Quadrinhos, que, à partir da presença de representantes de Sobral, Limoeiro do Norte, Maranguape, Itapipoca, Acaraú e Crato, tornou-se Fórum de Quadrinhos do Ceará. O objetivo do grupo era atuar como canal de comunicação entre classe artística e o poder constituído. Em suas primeiras reuniões a presença em peso dos artistas resultou na escolha de uma coordenação formada inicialmente por: Daniel Brandão, Fernando Lima e JJ Marreiro. Brandão foi substituído por Alexandre “Falex” Vidal e este posteriormente por Luís Carlos Sousa.

Com a saída de Paulo Amoreira da coordenação informal da Gibiteca, o espaço passou a ser gerido por uma comissão formada pela Direção da Biblioteca Dollor Barreira, Departamento de Literatura da Secultfor e Fórum de Quadrinhos do Ceará. Em 2011 o Dia do Quadrinho Nacional passa a ser organizado sob a bandeira do FQCE. Eduardo Silva se integra à coordenação do FQCE e é realizada uma nova programação de eventos, como o Quadrinhos em Debate, que reunia artistas para debater temas específicos sobre a nona arte a cada encontro. Em 2012 a Gibiteca passou a exibir filmes baseados em Quadrinhos e à partir do segundo semestre do mesmo ano o grupo independente Quadrinhos em Questão (sob a batuta do produtor cultural Ronaldo Barreto) começou a organizar os eventos e assumiu a coordenação da Gibiteca (inclusive colaborando na catalogação e organização de títulos) até fins de dezembro deste mesmo ano.



Os eventos realizados na Gibiteca sempre contaram com apoio da Direção da Biblioteca Dolor Barreira (na pessoa da Profa. Herbênia Gurgel) e de seu corpo de dedicados funcionários especialmente da funcionária Lucila Rodrigues, designada especificamente para aquela seção. Embora trate-se de um espaço fomentador, formador e precioso para a comunidade, há carências a serem supridas no que tange ao mobiliário e pessoal.

Embora sejam os Quadrinhos o foco principal das ações neste anexo da Dolor Barreira, a contação de histórias à cargo dos artistas Chicão Oliveira e Eugênia Siebra tem colaborado ainda mais para aproximar o público infantil do ambiente de leitura. Seções com filmes inspirados em quadrinhos famosos também já integraram a programação da Gibiteca.

Muita gente tem descoberto os quadrinhos como forma de leitura e entretenimento com o surgimento das Gibitecas estejam elas sediadas em Bibliotecas, Centros Culturais ou escolas. Em Fortaleza, a Gibiteca Municipal tornou-se também uma atração turística com o Painel Histórico (montado por Weaver Lima) que registra a evolução dos quadrinhos no estado desde os anos de 1930. Artistas como Law Tissot (RS), Eddy Barrows (MG), Klebs Jr (SP) e o editor Sidney Gusman (SP) em visita a Fortaleza tiveram passagem pela Gibiteca.



O acervo (de cerca de 4 mil títulos) com importantes obras do quadrinho brasileiro e mundial, o ambiente onde se respira cultura e arte fazem da Gibiteca de Fortaleza um patrimônio da cidade, uma atração turística, uma conquista para a comunidade artística e um benefício para a sociedade como um todo. Equipamentos culturais deste nível precisam de atenção e zelo para que possam evoluir e aprimorar seu atendimento e sua operacionalidade servindo assim a esta geração e às próximas.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Gibiteca de Fortaleza: Recanto dos Artistas e Produtores de Quadrinhos

Replicamos a seguir a matéria produzida pelo jornalista Eduardo Siqueira para o Jornal O Povo e O Povo online. No jornal o título da matéria era "O Recanto dos Gibizeiros", dada a falta de tato da expressão, o título aqui foi substituído. Segue abaixo o texto da matéria:

Poucos sabem, mas na Biblioteca Municipal Dolor Barreira encontra-se a Gibiteca Municipal de Fortaleza, um espaço público criado a partir do Orçamento Participativo (modelo de gestão adotado pelo antigo governo municipal que busca priorizar as demandas escolhidas pela sociedade) destinado ao acervo e à conservação de gibis das mais variadas épocas. “A proposta era criar um espaço de leitura jovem onde as pessoas pudessem se conhecer e trocar ideias. Desde a sua origem, a Gibiteca, através de seus vários períodos e coordenações, sempre teve uma programação de eventos voltada a conectar o público, os quadrinhos e os autores”, conta JJ Marreiro, coordenador do Fórum de Quadrinhos do Ceará.


Nos quase quatro mil títulos que compõem o acervo da Gibiteca Municipal pode-se encontrar títulos raros e antigos, como uma revista em quadrinhos d’O Fantasma dos anos 50, edições da revista O Tico-tico, primeira a publicar quadrinhos no Brasil em meados de 1900, e da Gibi, a revista brasileira de quadrinhos criada nos anos 1930 que popularizou o nome gibi. A Gibiteca é mantida majoritariamente através de doações, que podem ser feitas por qualquer pessoa que se interesse, desde que as revistas cedidas estejam conservadas, com capa, com a história completa e sem fungos ou traças, para que não comprometa os outros títulos.


Tanto a programação quanto a organização dos eventos na Gibiteca são preparadas pelo Fórum de Quadrinhos do Ceará em parceria com a Biblioteca através do trabalho da professora Herbênia Gurgel. A parceria entre os equipamentos é crucial para a manutenção de ambos, já que o fluxo de jovens para a biblioteca aumenta consideravelmente quando há eventos na Gibiteca e muitos alunos que vão à biblioteca acabam por visitar a Gibiteca.


Como todo equipamento público, a Gibiteca também tem deficiências que precisam ser sanadas pelo poder público. “A gente conseguiu organizar fisicamente melhor o espaço, as prateleiras chegaram, os equipamentos de seguranças. Mas as câmeras de vídeos ainda não foram instaladas”, relata JJ Marreiro. Ele explica que os equipamentos de seguranças foram enviados pela Secultfor e ainda encontram-se encaixotados, aguardando a instalação. Outra problemática vivida pela Gibiteca fica por conta da falta de funcionários efetivos no local. Segundo JJ, há apenas uma funcionária que vai à Gibiteca três dias por semana e nos dias em que ela não está presente, o espaço conta com a colaboração de alguém da biblioteca para suprir a ausência. Para ele, a solução seria a contratação de funcionários exclusivos para Gibiteca, como estagiários do curso de Letras ou de Biblioteconomia.



Por meio da assessoria, a Secretaria de Cultura de Fortaleza, o órgão responsável pela manutenção do espaço, disse que a nova gestão ainda está na fase de avaliação de todos os equipamentos de responsabilidade da pasta. Depois de concluída essa etapa, a secretaria vai analisar a possibilidade de contratação de funcionários para a Gibiteca, de acordo com o que constar no Plano Municipal de Cultura. Isso também é válido para a instalação das câmeras de segurança, que só será viabilizada depois dessa fase de avaliação. (Eduardo Siqueira - Especial para O POVO)
SERVIÇO
Gibiteca Municipal de Fortaleza
Onde: Avenida da Universidade, 2577 – Benfica
Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 8h às 17h
Outras infos.: 85 3254 6041